Por norma, falo de mais. Falo, falo e falo. Conheço uma pessoa, penso que é logo minha amiga e falo. Falo, falo e falo. Conto o que devia e não devia. O que penso e quero, e também o que não quero. Conto os planos, os desejos os sonhos. As coisas que devia guardar só para mim. Porque sou assim. Desbocada. Às vezes [muitas vezes] oiço más respostas. A sério? Queres mesmo? Ah, não gosto muito. Pois, tu é que sabes. Acho que fazes bem. Mas continuo a falar. Mesmo depois das [más] respostas, mesmo depois das [más] reacções, mesmo depois das [más] desilusões. E é quando vejo os meus planos noutras mãos que percebo que falo de mais. Falo, falo e falo. E não mudo.
Apesar de falar, falar e falar, não sou de reclamar. Oiço, aguento e calo. Talvez por isso leve com todos aqueles que reclamam. Ao telefone, na vida. Topam-me à distância e é comigo que vêm ter. E eu oiço, aguento e calo. Em 25 anos (e meio) de vida, nunca tinha feito uma reclamação. Por norma, sempre que me magoam, chamam nomes, contrariam, gritam, criticam, oiço, aguento e calo.
No espaço de um mês, fiz duas reclamações. A primeira foi para a CP. Perder o comboio de ligação três vezes porque param para deixar passar o alfa, o intercidades, o regional e todas as formigas, fez-me esperar uma hora pelo novo autocarro para o emprego, chegar uma hora atrasada ao emprego, chegar mal humorada ao emprego, sair mais tarde do emprego. Três vezes. E à terceira é de vez: saiu uma reclamação. Ainda não me responderam, mas ouviram-me (leram-me).
Na quarta-feira não estava muito bem disposta. Há dias assim. Estava irritada com o mundo em geral e com muitas situações em particular. E à minha espera tinha uma carta. Do Hospital de Vila Franca de Xira com a indicação do valor de uma taxa moderadora para pagar. Ontem também não estava bem disposta e a reclamação saiu. Uma folha A4 inteirinha. Caramba, mandaram-me para um hospital apinhado de gente, com um caso de gripe A confirmada, deram-me um tempo de espera de 04h30, nem sequer fui consultada e agora querem €8,40?
Escrevi, escrevi, escrevi. Porque escrever é também uma forma de falar. O meu pai é que tem razão. Que eu tenho de mudar. Não há muitos anos atrás, quando ele ralhava ou chamava a atenção para qualquer coisa, eu começava a chorar. Era instantâneo. E ele zangava-se ainda mais. Porque queria luta e eu desistia logo à primeira.
Talvez seja agora, aos 25 anos (e meio), que a mudança chegue. Chega de falar, falar e falar. Chega de ouvir, aguentar e calar. É só trocar.
De Anónimo a 16 de Dezembro de 2009 às 18:54
Exactamente :)
Que bom saber, entao, que ambas estivemos quase quase para falar :) Pelo que escreves, consigo perceber que tens uma sensibilidade fora do vulgar, e eu dou extrema importancia a isso. Gostei imenso do que li! E, mesmo com Gripe A, obrigada por teres feito este dia valer a pena ;)
Devo tambem dizer-te que gostei imenso das fotos que vi do teu casamento! Duas palavras: estavas deslumbrante! :) O que nao é dificil :)
Vivo bem pertinho do Frutalmeidas, do qual percebi que gostas, e sei que é bem pertinho do sitio onde tambem viveste, qualquer dia encontramo-nos para um café :)
Maior beijinho***
T*
De
L. a 18 de Dezembro de 2009 às 16:23
Esse café parece-me muito bem... Na Frutalmeidas ainda melhor [estou sempre pronta para um sumo de morango + pastel de massa tenra!]! Obrigada por teres vindo aqui parar (como...?) e por teres dado o primeiro passo! Será um prazer deixar de ser uma conhecida só "de vista". O meu mail é fly2neverland@sapo.pt
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