Fui multada. Não há eufemismos ou outras formas de o dizer que me façam sofrer menos. Fui multada. Uma pessoa não pode pensar que teve um fim-de-semana bom, que fez a primeira prova do vestido, almoçou açorda da mamã e do papá, ganhou ovinhos caseiros dos avós, um pastel de nata da avó, uma noite inteirinha com a afilhada, uma tarde de compras com a mana. Não pode pensar que teve um fim-de-semana realmente bom, que encontrou aquilo que quer levar no cabelo no dia do casamento, almoçou à beira rio, comeu um gelado daqueles de mistura e até ao foi ao cinema passado tanto tempo. Não, não pode pensar. Porque chega o Sr. Agente Tiago Sousa e multa o QueijiHo por estar mal estacionado em 60€. Exactamente no momento em que saboreava um daqueles gelados de bola cheios de sabores e que derretem mesmo a tempo de deixar a baunilha molinha, como eu gosto, nos jardins de Belém. Sr. Agente Tiago Sousa, foi inveja? Por estar a trabalhar a um domingo com tanto sol? Calha a todos, não é preciso desatar por aí a multar todos os popós que estão estacionados no parque para autocarros. Tanto sol, tanta gente, tanta festa, tanta feira, tanto artesanato, tantos pastéis, tantas ciganas a ler a sina, e o Sr. Agente de mau humor? Inveja, Sr. Agente? Deixe lá, logo lhe dão uma folga quando todos nós estivermos a trabalhar, com mais uns subsídios à mistura. Já ouviu falar de crise? E de pessoas que escolhem o ano de 2009 para casar? Anda uma pessoa a poupar que nem uma louca, nem entra em lojas para não cair em tentações, e depois perde assim, em segundos, 60€? Nem livros compra, devolve coisas por se sentir culpada! E aquela conversa de não haver impressos de multa em Lisboa? Já nem na Comunicação Social se pode confiar? E do aumento da criminalidade, já ouviu falar? Então corra atrás dos maus e vai ver que lhe sobra pouco tempo para essa coisa das multas de estacionamento. Como não sou tão má quanto o senhor, não lhe desejo nada de muito mal. Apenas uma doençazita incapacitante temporária, algo que o impeça de passar multas durante uns dias. E, ainda assim, não sou tão má quanto o senhor. Sr. Agente Tiago Sousa, tenho apenas uma coisita a dizer-lhe: se era um bocadinho do meu gelado que queria, quanto muito do meu fim-de-semana, bastava pedir. A mala do QueijinHo até estava cheia de iguarias acabadinhas de chegar do Alentejo. Mas multar não valia a pena... Sr. Agente Tiago Sousa: coisa feia, a inveja!
Alugar um Yaris quando se pode levar qualquer outro carro do qual se gosta mais. E mais barato. E o Yaris vir equipado com uma embalagem inteirinha de strudel de maçã e morango. E levar-me nele ao chinês. E depois deixar-me conduzi-lo todo o fim-de-semana (atchim!). É amor... PASSEI O FIM-DE-SEMANA DE YARIS*!! Estou feliz :) (Que o QueijinHo não leia este post...)
*carro da minha vida, modelo antigo, cinzento rato (não peço muito...)
Imagem: elotopia.net
Sou a pessoa mais azarada que conheço. Azarada mesmo! Do tipo Donald na vida real. Sobre mim chove, logo ao lado, sobre um qualquer Gastão, faz sol. Se há escadas para cair, eu caio. Se há pedras para tropeçar, eu tropeço. Se há coisas para partir, eu parto. Se há coisas imprevisíveis, quase impossíveis e inimagináveis de acontecer, elas acontecem-me. Se há gente má para conhecer, eu conheço. Para cobaia, cá estou eu. Se tenho de decidir entre duas coisas, fico sempre pela mais feia ou pela errada. Se há pessoa com quem não me quero cruzar, lá está ela ao virar da esquina. E, mesmo que eu fique bem quieta, paradinha, sem me mexer, as coisas acontecem-me como se eu andasse à procura delas. Como ontem. Lá estava eu, na faixa da direita da rotunda, com o piscazito a indicar que ia sair logo na primeira saída, parada, como todos os outros que também queriam alcançar o IC19 . De repente, começo a sentir o "Queijinho" (um muito igual ao da imagem, mas mais tuning, com um aileron espectacular e bancos azuis), a encolher, a ser empurrado, com muito barulhinho de lata à mistura. Olho pela janela e lá o vi. Um camião que não me viu. E não parava... Durante segundos ainda pensei que ia morrer esmagada, mas, depois, lá resolvi tomar uma grande atitude e começar a apitar. Nem assim... Começou tudo a apitar e o raio do homem não percebia. Não sei como, lá percebeu que era um carro e não uma pedrita que não deixava o seu "trombas de ferro" mudar para a faixa pretendida. Claro que, como rapariga que sou, comecei logo, logo a chorar. Talvez assim as coisas se resolvessem mais rapidamente... Qual quê. Saiu de lá um sr.-ucraniano-com-dentes-de-ouro , que "menina ter pressa, menina não ter cuidado com carro grande, menina não deixar passar, ..." e mais um sem fim de meninas que não a minha pessoa, já que "a menina estar paradita quando sr. me começa a empurrar". Com muita pena minha, que queria já ter chegado ao trabalho. E pronto, lá fui olhar para o Queijinho, que já está habituado a estas andanças. Sem mim, já enfrentou três batidelas . Que era uma rua sossegada, familiar, de boas gentes. Qual quê outra vez. Por três vezes bateram nele e se pisgaram, e eu lá me sentava no passeio às oito da manhã, fazia-lhe uma festinha e chorava, para variar. Qual é a probabilidade de isto acontecer três vezes ao mesmo carro/pessoa? 0!!!! Mas a mim, 100%. E depois houve o fatídico dia 5 de Julho de 2006, quando íamos a caminho do meu jantarito de anos e um cromo qualquer, com pressa para ver o jogo de selecção, se "enfiou" entre mim e o carro da frente, sem um piscazito que nos alertasse, levou o da frente à frente, e claro que o Queijinho lhe deu um valente beijo. Pronto, mas ali estava eu. Próximo passo, ligar para a polícia. Rua? Pois, não sei. Então descubra e volte a ligar. Espere, espere, não desligue. Entretanto, e para tornar tudo mais interessante, chega a polícia de choque porque o pessoal resolveu todo começar a fazer a rotunda ao contrário e eles, acabadinhos de chegar de um encontro nada casual com uns meninos na estação do cacém, acharam por bem parar ali para pôr alguma ordem. Um deles, engraçadito por sinal, achou também por bem tomar conta de mim. Não se preocupe, fico consigo até chegar o colega da divisão de trânsito. E ali fiquei, bem protegida, não fosse o sr.-ucraniano-com-dentes-de-ouro querer fugir com o camião pelo meio das ruas de Massamá. Lá chegou o cromo para fazer o desenho do acidente que se saiu com esta: "pois, ele não a consegue ver". Imaginei logo o Queijinho com uma bandolete e umas antenas, talvez com um coração na ponta de cada uma, com brilhantes ou luzes. Assim sim, não haveria camião que não me visse. E foi assim. Colete, triângulo, soprar no balão, papelada. E convencer o sr.-ucraniano-com-dentes-de-ouro que eu não o podia ajudar na descrição do acidente? "Menina ajudar, menina eu não saber alfabeto português". Caramba, ali estava eu, ainda a controlar as lágrimas que teimavam em sair, com o meu pópó todo partidito , e quase com pena do sr.-ucraniano-com-dentes-de-ouro causador de tudo aquilo. Lá lhe expliquei que eu era a outra parte do acidente, que não podia escrever na parte dele. "Meu filha começa hoje primeiro dia aulas nesta escola, fica triste ver pai aqui acidente". Controla-te L., não podes sentir pena. Respirar fundo... Não há nada como uma manhã de segunda-feira!
[Alguém conhece uma bruxazita de confiança? Agradeço.]
. "Cruzes credo e água bent...