Sou uma pessoa pessimista. Por natureza, também, e muito condicionada pelos meus dias. Não podem levar isto a mal numa pessoa que a primeira coisa que faz quando chega ao trabalho é a revista de imprensa. Não consigo ficar indiferente à quantidade de más notícias que leio por dia, por mês, por ano, nem consigo contrabalançá-las com as poucas boas que vão aparecendo. É normal estar a viver uma qualquer situação, ou simplesmente a pensar, e a tentar descrevê-la na minha cabeça como uma notícia. Defeito profissional. O título faz sentido? Lembra-me qualquer coisa que li? Então há probabilidade de acontecer. Sou a pessoa que numa situação completamente normal acha que vai tudo descambar. Um pneu furado? Atropelamento certo. Viajar numa carrinha de caixa aberta e na caixa? Queda certa. Uma pescaria no mar? Afogamento certo. E poderia continuar assim o dia todo. Mas, para meu bem e de todas as pessoas que me rodeiam, isto nem sempre é assim. E foi num destes dias, em que, sei lá porquê, estava imbuída de um otimismo fora do comum, que fui apanhada numa conversa, entre amigas, onde reclamavam deste ano que está a terminar. Que 2012 não teve nada de especial, que não as marcou, que só querem que termine rápido. E eu a dizer-lhes que não. Deixem lá os dias passar devagar, deixem lá aproveitar cada bocadinho, deixem lá viver um dia de cada vez. 2012 não nos marcou? Para mim, de forma muito resumida, é sinal de que não perdi ninguém importante, não me ‘roubaram’ mais ninguém. Tive de contar os trocos, pensar mais no futuro, mudar planos, apanhar grandes desilusões, reagir a grandes mudanças. Mas, no que toca às minhas pessoas, àquelas que são realmente importantes, essas continuam comigo, como sempre, como é costume e normal. É aqui que se encaixa outra das minhas teorias, que me acompanha a par do pessimismo, normal é bom. Normal é tão, tão bom. Por isso, este é o meu desejo para os amigos: normalidade. Espero que tenham um Natal normal e um 2013 normal, rodeado das vossas pessoas normais. E que o vosso normal seja sempre acima de Feliz. Um desejo que traz, por arrasto, uma missão: cabe, a cada um de nós, fazer por multiplicar esses momentos. Oiço dizer que são estes bocadinhos, os normais, com as nossas pessoas, a única coisa que levamos deste mundo – que, pelos vistos, não desistiu de nós e vai continuar a aturar-nos, o normal.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico (isto é que não é normal, mas tem de ser)
Por incrível que pareça, a árvore da imagem foi a única que, em 27 anos de vida, vi nascer e crescer até ficar como está aqui. Não está na minha casa, é do trabalho. E não é uma árvore verdadeira, daquelas que em tempos podia escolher no campo, com os pais e a mana. Mas ajudei a construi-la do início ao fim. E deu algum trabalho. Foi preciso encaixar as diferentes partes, equilibrar a árvore, abrir os ramos, pensar na decoração possível com as peças que nos deram, desenlear as luzes, fazer cálculos para as espaçar, mudar o escadote de sítio vezes sem conta para que as bolas a cobrissem na perfeição, esticar-me ao máximo para conseguir encaixar a estrela bem lá no topo, arrastá-la até ao sítio certo. E, no final, quando ligámos as luzes, fiquei ali parada, a contemplá-la, de sorriso na cara, orgulhosa de todo aquele trabalho partilhado. Não deixa de ser assim, como esta árvore, a nossa vida. A quantos equilíbrios, encaixes, cálculos, esforços, desenleios, adaptações, partilhas, …, nos obriga a vida. Viver dá trabalho, pois dá, mas também é compensador. Espero, e desejo, que no final de cada ano, já deste que agora se aproxima, possamos olhar para trás, para tudo o que fizemos, para a nossa vida, e possamos contemplá-la assim também, de sorriso na cara, orgulhosos de tudo o que fizemos com o que nos foi dado. Um Feliz Natal e que 2012 seja apenas o primeiro de muitos anos perfeitos.
Esta foi a mensagem de Natal que mais me tocou. É curioso que seja de uma companhia aérea (TAP) – este ano já perdi o fim-de-semana das amigas em Londres por causa da greve dos senhores espanhóis, ainda não sei se na quarta me deixam embarcar para começar 2011 em Paris. Mas nada de ressentimentos…
É assim também a minha maneira de ver o Natal. Muitas mãos que se tocam. E por isso não podia deixar de partilhar esta imagem aqui. Ainda que não tenhamos tido todas as mãos que queríamos à nossa volta – durante o ano, durante a altura das festas, é bom imaginar que isso é possível, e desenhar a nossa própria árvore. Obrigada por fazerem parte da minha, por, de alguma forma, me darem a mão.
Feliz Natal. E que 2011 seja mais que perfeito.
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L.
O T. entrou na minha vida por altura do secundário. Resumindo muito a história, entrou porque roubou o meu número de telemóvel, fez-me gostar dele, e depois recusou-se a deixar-me entrar. O T. é a pessoa viva, que conheço, mais parecida com o Ricardo Reis. Preferia – prefere – abdicar das coisas para não sofrer quando elas terminam. Contorna os inevitáveis. Quando falo desta teoria a alguém – normalmente quando falo dele, que obriguei a ser um dos meus melhores amigos, acham que é doido. E eu às vezes também acho. Até cheguei a achar que era tudo mentira dele, que foi só uma forma de me chutar com classe, porque quando o amor lhe apareceu pela frente não se negou. Mas, em dias como o de hoje, não deixo de acreditar, de lhe dar razão.
O amor, as paixões, os inevitáveis fazem bem. Às vezes pensamos que não gostamos de determinadas coisas, não faríamos outras, nunca pensaríamos em certas ideias. E afinal o mal não está nessas coisas, nessas ideias, não somos nós. Falta-nos só encontrar a peça de encaixe. Mas, em dias como o de hoje, quero acreditar. Em dias como o de hoje não deixo de pensar que o melhor seria não amar. Em dias como o de hoje queria ser como o T. e ter a coragem de abdicar de uma vez para não sofrer depois. Em dias como o de hoje queria deixar de amar. É que custa, cansa, dá trabalho. O inevitável. O amor.
[Este não é um discurso nada natalício. É que este ano, em vez de terminar o Natal a chorar, preferi começar. São muitas multas, cartas, desgostos, respostas, não-respostas, preocupações, não-preocupações, desilusões, falhas à minha volta. E, em dias como o de hoje, prefiro baixar os braços e dizer que não sou forte. Chorei em frente à madrinha, deixei-me ficar mais tempo nos braços dos pais, e vou dormir bem agarrada à mana. Hoje não sou forte. E não posso dizer que não estava à espera. Tenho sempre uns assim, no Natal. Dias como o de hoje.]
Feliz Natal.
.Na quarta-feira vim para o meu Alentejo. Acordei cedo, fiz a mala seguindo a lista escrita no dia anterior da minha agenda, e deixei a casa ‘arrumadinha’. Liguei o rádio enquanto me vestia e fui dançando sozinha entre os dois quartos, a procurar as calças, o casaco, os sapatos… As notícias interromperam o meu solo: acidentes por todo o lado. Apesar da via verde já estar ligada à nossa conta, a auto-estrada pareceu-me a melhor opção. E entrei no carro. Ajustei o banco, os espelhos, o cinto, procurei os óculos de sol na mala, pus um daqueles cds que tem tunas, fados, músicas infantis, músicas da minha vida e músicas-só-para-a-Curia, liguei o meu iPod ao rádio também, e fiz-me à estrada. Avisas-me quando saíres de casa para estar descansada? Sim. Mas não, não avisei. E fui. Apanhei a ponte nova e saí a tempo de apanhar um dos meus caminhos preferidos. A estrada que o autocarro fazia nos meus tempos de estudante. Choveu o bocadinho suficiente para lavar o vidro do carro. E fui cantando, uma após uma, as músicas que me iam oferecendo. All I want for Christmas is you. E quando eu passei a placa das C., ele brilhou só para mim, o sol.
Apaixonei-me por ela bem cedo. Assim que a vi na prateleira da Fnac numa das minhas muitas excursões comprar-livros-da-mana. O fundo a jornal, o tipo de desenho, a bailarina escondida
Sou tão grande que, pela primeira vez em não sei quanto tempo, tirei férias no Natal. Melhor, do Natal ao Ano Novo. Talvez tenha sido um bocadinho egoísta por ter deixado a A. sozinha. Mas precisava mesmo.
Fiz uma lista de compras porque, como estou mesmo, mesmo grande, o Natal foi em minha casa. E as compras foram feitas por mim. Por nós. 2008 trouxe-me isto: uma casa, a certeza de um "nós". Fizemos uma árvore muito bem. Limpámos a casa muito bem. Preparámos uma ceia muito bem (mesmo que os brigadeiros tenham derretido). E portámo-nos muito bem. Porque somos grandes. Tanto que passámos o primeiro Natal juntos. Na nossa casa. Com os nossos pais. E no nosso sofá. A ver CSI's que alguém se lembrou de me dar. Porque nem sempre sou grande.
Somos tão, tão grandes, que abrimos as prendas antes da meia-noite. Já sabemos que o Pai Natal não existe. Não se perde a magia, mas sim a paciência. E depois foi ver-nos crianças. Eu, a cantar Abba na Playstation com a M., e tu, na neve, na nossa viagem à serra.
Depois voltámos, à nossa casa de grandes, e entrámos juntos no Registo Civil. Porque somos grandes. E decidimos casar. Chegaram os meninos para o casamento das três. Éramos nós. E dissemos sim. Porque somos grandes e sabemos aquilo que queremos. E estamos casados, mesmo que digas que este não conta e que é apenas um contrato com o estado. Mesmo que tenha sido apenas para a declaração de IRS. Aquele que conta está já aí, em 2009. E nada será como antes.
Saltámos para o ano 2009 casados. Seja lá o que isso for. Sei que estávamos agarrados, com os copos de plástico e a garrafa de Moët & Chandon na mão, logo depois do Sérgio Godinho nos dizer "este é o primeiro dia do resto da tua vida", pouco antes do Fogo de Artificio ressuscitar o Terreiro do Paço e de nós entupirmos as redes de telemóveis.
Olho para 2008. Nas linhas das minhas agendas. Deste blog. Tu. Uma casa. Um trabalho. A família. Os amigos. Olho para 2009. Quero manter-te a ti. A casa. O trabalho. A família. Os amigos. 2009. O ano dos 25. Do casamento. Do quê mais? Tão grande. Cheia de certezas. Cheia de sonhos. Cheia de coisas. A tentar equilibrar-me. My life is on the tip of my toes.
Sim, era quase Natal. Saí mais cedo na sexta e fiz-me ao caminho. Sem filas na segunda circular. Nem na ponte. Cheguei cedinho. A tempo de entrar na loja ainda aberta e levar miminhos de um monte de gente. Cheguei e disse: "vou ficar quatro dias". Assim, como se fosse a melhor coisa do mundo. E era, para mim. Talvez porque não acontecia há muito tempo. Ou porque pode ter sido a última vez que tantos dias assim livres foram passados ali. Os próximos serão passados na minha casa. A nova. No sábado acordei cedinho para receber os meninos da catequese. Vimos o "Amor Acontece". Rimos nas partes mais constrangedoras para eles. Percebi, uma vez mais, porque é um dos filmes da minha vida. E trocámos prendas. Matei saudades da madrinha. E dividi o sofá com o Ricardo e o Francisquinho enquanto via o sofrimento do Sporting para vencer o Paços. No domingo terminei as compras de Natal. E obriguei a minha mãe a comprar roupa para ela numa exploração exaustiva, a duas, na Zara de Almada. Vi o primo Zé, o nosso padeiro de sempre, que me fazia os pães com chouriço, de propósito, quando eu tinha visitas de estudo. A segunda foi de preparativos. Limpezas com a mana de manhã, doces à tarde. Experimentámos aquela receita de chocolate que vimos no cabeleireiro, tirámos o serviço bonito do armário e enfeitámos a mesa ao pormenor. A Salomé, da casa quase em frente, levou-nos a prenda. E rimos do postal que nos enviou pelo correio. Uma forma de contornar as mensagens de telemóvel, os telefonemas. Uma coisa que fica, como ela disse. Concordo. Recebemos a Susana lá em casa, enquanto tirávamos o bolo de chocolate da forma. Aos pedaços. Mas docinho, como se quer. E a Mingas, que nos levou um pratinho do melhor arroz doce do mundo. O jantar foi interrompido pela Matilde e pelo Francisco com as prendas. Acenderam o rastilho. Levantámo-nos e começámos a nossa troca. Umas botas para a Ana. Dois casacos para mim. O MacGyver para o pai. Um casaco para a mãe. E uma caixa de bombons com bilhetes de teatro escondidos para os dois. Depois veio um saco do lixo para as duas, com uma notinha recheada para dividir. Levámos os presentes aos avós. E recebemos. Matámos as saudades da avó velhinha que de tão leve e pequenina parece uma folha. Daquelas com muitas nervuras, quase transparente, e cheia de histórias para contar. Distribuímos beijinhos na missa do galo. E recebi o primeiro elogio do tio Carlos. "Estás um borracho com esses calções". Soube bem, depois de ter passado o dia a ouvir que estou com as bochechas maiores. Visitámos outras lareiras depois. E adormecemos, eu e a Ana, na minha cama, ao som de Vanessa da Mata. O almoço de Natal foi na avó Amélia. Com o avô a tocar pelo nariz. A avó preocupada em fazer muita comida. Os tios, que até há pouco partilhavam brinquedos comigo, distribuíam mimos pelas mulheres e pelos filhos. Trocámos prendas. Entre as teias que saíam do fato de homem aranha do Carlitos e as caixas de bonecas da Márcinha, que quando abria uma das milhentas prendas lá ia soltando um: "Olha pai, o Pai Natal não se esqueceu desta, tinhas razão". Depois chegou o Carlos. Que me trouxe o tão desejado livro de receitas da Popota. E o casaco que já namorava há tantas semanas na Pepe, dentro da caixa de uma qualquer varinha mágica. E um presépio para a casa nova. E que não saiu mais do Puf depois de eu lho ter oferecido. Recebemos o Jey lá por casa, já com a camisola que lhe dei vestida. E corremos as vizinhas de guarda-chuva na mão só para desejar Feliz Natal. Custa tão pouco arrancar um sorriso e fazer alguém feliz. Como ficou o Francisquinho depois de receber o primeiro perfume "de homem". E a Matilde depois de receber o primeiro de muitos Swatch (se sair à madrinha). Oferecemos postais aos avós, com a chave de cartão da minha casinha nova, para que soubessem que são sempre bem vindos. E assustei os tios, que pensaram ser um convite de casamento. Recebi um monte de coisinhas para a casa da lezíria. E notinhas. E pijamas. E casacos. E pulseiras. E pregadeiras. E chocolates. E beijinhos. E amor. Claro que chorei, à noite, na minha caminha. Depois de ter arrancado mais uns sorrisos aos avós, aos pais, à Mingas e às D. Eugénias da minha vida. Sim, ia lá ficar quatro dias inteirinhos. A comer pão alentejano. A dormir na minha caminha. A aquecer-me ora na lareira da sala ora na cozinha. A levar beijinhos dos papás e da mana logo pela manhã. A ver jogos com o pai. A aprender novas receitas com a mãe. A ficar na conversa até às tantas com a mana. Sim, já era quase Natal. E, agora, já passou.
São poucas as recordações fortes que guardo do Natal. A árvore marcou sempre presença. Na nossa segunda casinha, ficava lá no canto dos meus desenhos. Ía apanhá-la com os meus pais e escolhiamos sempre a maior possível. Com a estrela quase, quase a tocar o tecto. Qualquer que fosse a decoração escolhida, havia sempre lugar para os três Pais Natais (anões para a minha mãe, duendes para o meu pai) que o meu pai me comprou assim que eu nasci, na loja do sr. Adriano. Ainda hoje marcam presença. Ainda que o amarelo já tenho perdido o nariz, o vermelho já não tenho o pom-pom do gorro e o azul não saiba de um dos botões. O presépio ficava sempre por baixo da árvore (agora fica no parapeito da chaminé). Lembro-me de ser pequenina e deixar o sapato na chaminé. Lembro-me do ano que em acrescentei o da minha mana. E de o ver ir crescendo. Numa manhã de Natal, lembro-me de acordá-la e levá-la pela mão. E lá estavam elas. Não sei que prenda recebeu, mas da minha recordo-me bem. Ainda a tenho guardada. Um serviço de chá da Barbie. De louça verdadeira. A que falta apenas a tampa do bule, porque a Ana a derrubou num daqueles dias em que me obrigaram a partilhá-lo. Depois a tradição foi mudando. Passámos a abrir as prendas logo depois da missa do Galo. Parece que o menino Jesus se entretia a passar pelas nossas casas enquanto lhe rezávamos. Ainda naquela casa, lembro-me de ter ficado triste com ele. A minha irmã tinha recebido uma boneca do mesmo tamanho que ela. Que dançava e até falava. E, a mim, só me tinha deixado uma cassete de vídeo d'"A Noite de Natal Mágica". Sei que fiz muita força para não chorar. E que me obrigava a pensar: "L., há meninos que não têm nada, não podes chorar, não podes chorar...". E, nisto, o meu pai vem ter comigo e diz-me: "Então, o Pai Natal não trouxe mais nada para ti? Vamos lá procurar melhor". E lá começou, a vasculhar por toda a chaminé. E, por baixo da cortina do botija de gás, lá estava ela. Uma prenda enorme só para mim. Uma Sega MegaDrive. Com os jogos do Hulk e do Aladin. E lá se foram aqueles pensamentos. Na outra casinha, o tamanho da árvore de Natal manteve-se. Mas tivemos de comprar uma artificial. Só quando encontrámos uma que parece mesmo verdadeira. A decoração foi-se alterando. Gosto especialmente dos bonecos de neve. Mas este ano optámos por bolas grandes, vermelhas e douradas. Fica ali, ao lado da chaminé. Não há nada melhor do que deixar-me cair no sofá com todos eles, ligar a televisão e ficar a ver as chamas da lareira a disputar o brilho com as luzinhas da árvore. Nunca o celebrámos da mesma maneira. Normalmente jantávamos na noite de Natal com a avó Teresa, o padrinho, a tia e os primos. Íamos à missa do galo a Lavre (que agora já é na nossa terrinha) e depois trocávamos as prendas. Ou melhor, a minha mãe fazia a distribuição, sempre vestida de Pai Natal. No dia de Natal almoçávamos na outra avó e voltávamos a trocar prendas com os outros primitos. Nos últimos anos temos jantado só os quatro. Fazemos questão de decorar a mesa a rigor. E a mãe faz sempre aquele peru recheado. E apanha-me sempre, com a Ana, a comer recheio directamente do frigorífico durante a noite. Normalmente compramos sempre uma roupa nova. É uma das prendas dos papás. E no outro dia corremos todas as capelinhas para distribuir prendas e desejar um Feliz Natal àqueles de quem mais gostamos. E levamos flores àqueles que já partiram. Nunca vi o Natal como uma data muito feliz. Talvez porque nos faz pensar. Costumo terminar a noite no meu quarto, rodeada de prendas, a ver fotos de outros tempos, a mexer na caixa das recordações e a chorar. Talvez seja isto o Natal. Ou para isto. Uma pequena catarse. Que nos faz ir ao fundo, e depois perceber que continuamos a ter um motivo qualquer que faz valer a pena seguir em frente. Que o amor é mesmo o sentimento mais importante. E que podemos pegar nele e fazer um sem fim de coisas. Já é Natal outra vez. Já fiz a árvore. Uma bola aqui, outra acolá. O meu pai já encomendou o peru. A minha mãe já começou a fazer a nossa ementa. E já lavou o fato de Pai Natal. A Ana já vai a meio dos embrulhos. Eu já fiz o presépio no meu quarto. E já tirei da gaveta a árvore prateada pequenina que o meu pai comprou no mesmo dia dos duendes, e que meto sempre na minha mesa de cabeceira. E já tenho uns calções e um casaco para estrear. Está tudo pronto. Feliz Natal.
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