Sábado, 25 de Dezembro de 2010

.Dar a mão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esta foi a mensagem de Natal que mais me tocou. É curioso que seja de uma companhia aérea (TAP) – este ano já perdi o fim-de-semana das amigas em Londres por causa da greve dos senhores espanhóis, ainda não sei se na quarta me deixam embarcar para começar 2011 em Paris. Mas nada de ressentimentos…

É assim também a minha maneira de ver o Natal. Muitas mãos que se tocam. E por isso não podia deixar de partilhar esta imagem aqui. Ainda que não tenhamos tido todas as mãos que queríamos à nossa volta – durante o ano, durante a altura das festas, é bom imaginar que isso é possível, e desenhar a nossa própria árvore. Obrigada por fazerem parte da minha, por, de alguma forma, me darem a mão.

 

Feliz Natal. E que 2011 seja mais que perfeito.

 

*,

L.

Lá fora: "Não sejas injusta."
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L. às 09:58
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Quinta-feira, 23 de Dezembro de 2010

.Dias como o de hoje

O T. entrou na minha vida por altura do secundário. Resumindo muito a história, entrou porque roubou o meu número de telemóvel, fez-me gostar dele, e depois recusou-se a deixar-me entrar. O T. é a pessoa viva, que conheço, mais parecida com o Ricardo Reis. Preferia – prefere – abdicar das coisas para não sofrer quando elas terminam. Contorna os inevitáveis. Quando falo desta teoria a alguém – normalmente quando falo dele, que obriguei a ser um dos meus melhores amigos, acham que é doido. E eu às vezes também acho. Até cheguei a achar que era tudo mentira dele, que foi só uma forma de me chutar com classe, porque quando o amor lhe apareceu pela frente não se negou. Mas, em dias como o de hoje, não deixo de acreditar, de lhe dar razão.

O amor, as paixões, os inevitáveis fazem bem. Às vezes pensamos que não gostamos de determinadas coisas, não faríamos outras, nunca pensaríamos em certas ideias. E afinal o mal não está nessas coisas, nessas ideias, não somos nós. Falta-nos só encontrar a peça de encaixe. Mas, em dias como o de hoje, quero acreditar. Em dias como o de hoje não deixo de pensar que o melhor seria não amar. Em dias como o de hoje queria ser como o T. e ter a coragem de abdicar de uma vez para não sofrer depois. Em dias como o de hoje queria deixar de amar. É que custa, cansa, dá trabalho. O inevitável. O amor.

 

[Este não é um discurso nada natalício. É que este ano, em vez de terminar o Natal a chorar, preferi começar. São muitas multas, cartas, desgostos, respostas, não-respostas, preocupações, não-preocupações, desilusões, falhas à minha volta. E, em dias como o de hoje, prefiro baixar os braços e dizer que não sou forte. Chorei em frente à madrinha, deixei-me ficar mais tempo nos braços dos pais, e vou dormir bem agarrada à mana. Hoje não sou forte. E não posso dizer que não estava à espera. Tenho sempre uns assim, no Natal. Dias como o de hoje.]

 

Feliz Natal.

Lá fora: "Why does it rain, rain, rain down on utopia?"
Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2010

.Do bem e doutras coisas...

Eu e a minha mana não temos estado muitas vezes juntas nos últimos tempos. Ainda assim, quando estamos, dedicamos uma boa parte do tempo a espicaçar-nos. ‘Nunca me ligas’, ‘liguei-te mais vezes que tu a mim’, ‘só me ligas para pedir favores’ e argumentos muito parecidos são atirados uma à outra, meio a sério, meio a brincar. Nós, que os dizemos e os ouvimos, sabemos que isto não é nada, que é só porque gostamos muito uma da outra, e passados cinco minutos já estamos bem – para quem nos ouve, como a minha mãe, é que não é bem assim.

Eu e a minha mana não temos estado muitas vezes juntas nos últimos tempos. E, por isso, na véspera do último feriado combinámos um jantar para por a conversa em dia. Saí do trabalho, parei em Alenquer para beber um capuccino com a madrinha, e segui para a zona do tornado – Santarém, para jantar com a menina. E claro que, entre as garfadas no chinês, também soltámos os argumentos do costume. Muito à conta das minhas gargalhadas no meio da conversa séria.

A minha mana nunca ligou muito à escola, nunca nos disse o que queria ser quando fosse grande até terminar o 12º, e nunca lhe conhecemos muitos interesses. De repente, chega à faculdade, as notas sobem a pique, faz voluntariado, formações e coisas do género, e dedica-se a causas de crescidos. Olhar para ela a falar de coisas sérias, com o tom de voz que empresta sempre a estas situações, enquanto gesticulava com as mãos, só me fazia rir. E não era um riso de desdém, ou de qualquer outra coisa má, era de orgulho, mas acho que ela não percebeu muito bem.

A minha mana, que este ano passa a ser uma senhora-animadora-sóciocultural-e-educadora-comunitária, está muito crescida. Está a estagiar na Cais. E uma das minhas gargalhadas veio daqui, eu desculpava-me porque uma das minhas mudanças da nova vida crise-económica-pessoal é ter deixado de comprar a revista Cais, que comprava desde que me lembro de vir a Lisboa. E ela explicava-me que eu não me devia preocupar, que ela e a colega estão a desenvolver um projecto que vai ajudar as pessoas que a associação acompanha a ter outra fonte de rendimentos. E isto é uma coisa muito séria, e importante, mas só me fazia rir. De orgulho.

Eu e a minha mana não temos estado muitas vezes juntas nos últimos tempos. Mas hoje vamos estar. A iniciativa é da Cais, o convite da mana. Hoje vou ter o meu primeiro dia de voluntariado. Dizia isso mesmo à mãe, e ela, no seu tom rápido e sucinto, disse-me logo: “Ai rapariga, não te preocupes com isso. Não fizeste isso, fizeste outras coisas boas, que para o mal, felizmente, nunca te deu”. E eu quero acreditar que sim.

Eu e a minha mana não temos estado muitas vezes juntas nos últimos tempos. Mas quando estamos é bom. E é para fazer coisas boas. Como sempre, como hoje.

 

 

RTP online

Associação "Cais" distribui pão e bebidas quentes no Martim Moniz

2010-12-16 | 20:38:09

A caminho do Natal, há este ano um olhar especial para as iniciativas de solidariedade. A crise sugere uma outra preocupação para com os mais desfavorecidos. No Martim Moniz, em Lisboa, há até Domingo, distribuição gratuita de pão e bebidas quentes. É uma iniciativa da Associação Cais, com o sugestivo título de Pão de todos; pão para todos.

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Associacao-Cais-distribui-pao-e--bebidas-quentes-no-Martim-Moniz.rtp&headline=20&visual=9&article=400095&tm=8

 

 

 

 

Estou:
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Terça-feira, 7 de Dezembro de 2010

.Olé!

Por esta altura, devia estar em Londres. A usar as minhas meias novas quentinhas. A estrear as minhas novas galochas. A gastar libras. A tentar sobreviver ao frio e à neve. A viver o primeiro fim-de-semana das amigas internacional. Mas os senhores espanhóis não deixaram. Já desfiz a mala. Já usei as meias quentinhas. Já estreei as galochas. As libras ainda me ocupam a carteira. De Londres nem sinal. Por esta altura, estou no trabalho.

Domingo, 28 de Novembro de 2010

.Puzzle

Ter um blog é uma tarefa difícil. Exige muito de nós. Primeiro somos nós a exigir, depois já é o mundo. Habituam-se a ler-nos aqui, a juntar peças, a conhecer-nos. Esperam por novas pistas, a cada dia que passa. Eu espero apenas que o mundo me inspire, me magoe, me faça escrever, sem me preocupar com quem lê. Este blog é apenas isso, o meu mundo. O que, de alguma maneira, me toca. Ainda que se possa confundir, não sou eu. Eu sou muito mais do que isto. Muito mais do que aquilo que escrevo. E custa-me quando me dizem que aquilo que escrevo magoa. Quando se limitam ao que lêem aqui e não me vejam, não me perguntem, não me interpretem.

No dia em que tirei todas as fotos do post anterior senti realmente que aquele não era o meu lugar, que não encaixava ali. Não gostei de algumas coisas e tratei logo de redefinir o meu mundo à custa disso. Ando assim, sei-o. E sei também que esta não é a melhor forma de ver a vida: abdicar do que quero para não ter o que não quero, qual Ricardo Reis. Há quem lhe chame medo. Não estava certa naquele dia. Noutros dias. Sei-o agora, que olho para lá de outro dia. Estou a tentar mudar a minha filosofia, todos os dias, contigo. “Pôr o dedo na ferida no momento em que ela aparece”, ensinas-me. Estou a aprender, todos os dias, contigo. E é nestas analogias, nestas histórias contadas pela voz certa, nestes planos de sábado de manhã que me revejo. Que me vejo. Onde me encaixo. Como a peça certa no puzzle que quero jogar contigo todos os dias.

Estou: "Foi na Primavera de ..."
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L. às 21:56
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Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010

.“Oh these times are hard / Yeah they’re making us crazy (…)”*

 

 

 

 

 

Quando o mundo se torna pequeno ou grande de mais, quando os que me rodeiam não sabem ser a minha casa, quando não encaixo em sítio nenhum, não é difícil encontrar-me. Posso estar em três sítios: aqui neste blog, atrás de um livro, ou com uma máquina fotográfica pela frente.

 

*Lá fora: "(...) Don’t give up on me baby."

For the first time - The Script

 

Quarta-feira, 17 de Novembro de 2010

.Copiona [MEC]

Eu e o MEC nem sempre tivemos uma boa relação. Li algumas coisas dele que até gostei, mas no dia em que terminei de ler “O amor é f*****” senti-me defraudada. Esperava mais, melhor, não gostei. As crónicas diárias dele no Público obrigaram-me a fazer tréguas, a pedir desculpa, a fazer as pazes. São qualquer coisa. Chegam a deixar-me arrepiada. Com uma pontinha de inveja-da-boa. Aparece sempre que vejo alguém que tem a certeza que ama, e que não tem medo de o escrever ao mundo. É ao lê-lo todos os dias que lhe perdoo aquele primeiro impacto, que peço desculpa, – talvez ele só o tenha afirmado porque ainda não tinha experimentado nada assim, não tinha amado assim, não tinha sentido vontade de o gritar assim. Sim, o amor pode ser realmente a palavra começada por ‘F’. Mas talvez ele agora acrescentasse: ‘às vezes”. Ou “para o mal e para o bem”. O que interessa é que existe, seja lá ele o que for, como for. O amor. E que há quem ouse escrevê-lo por aí.

Lá fora: “E sentiu escorrer do coração/A humidade quente da loucura"
L. às 12:45
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Sábado, 6 de Novembro de 2010

.Resposta ao Tiago

“Olá Rainha das Couves.

Estou vivo e espectacularmente bem :) Estou a brincar, está tudo tranquilo, e contigo?

Não tenho visto notícias tuas no Fly2Neverland, já te deves ter vendido a outro menos conhecido.

 

Beijo miúda,

Tiago”

 

 

Miúdo, nunca, em tempo algum, me passou pela cabeça criar outro blog. Nem quando me pediram, tão sinceramente, que esquecesse esta página. Não tenho passado por aqui nem sei bem dizer-te porquê. Os dias passam uns iguais aos outros, nuns estou lá bem em cima, noutros falta-me o chão. Às vezes estes estados oscilam entre eles no mesmo dia, quase no mesmo instante. Não há muito para contar. Os pais vieram finalmente conhecer a minha casinha. Detectaram outro nódulo no que resta da tiróide da mãe. A mana tirou um carcinoma num dia em que nos fartámos de brigar. E, no dia seguinte, lá andava eu, a fazer recados por Lisboa, de carcinoma na mão, à espera que o laboratório abrisse para o deixar lá e esquecer-me dele por uns dias. Esta semana chegou finalmente o resultado. Liguei a dar a notícia, e depois chorei, chorei, com soluços e tudo, em vez de dar gargalhadas. Há dias em que me sinto com o mundo ao contrário. Hoje dediquei-me ao meu. Esfoliantes, máscaras, cremes, banho de espuma. E agora venha o fim-de-semana das amigas no Alentejo. A República Checa tem bifanas como as nossas? Aposto que não. Nem miúdas-chatas como eu.

 

Saudades tuas,

Miúda / um-dia-Estagiária / L.

Lá fora: "chamadas efectuadas"
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Sexta-feira, 5 de Novembro de 2010

.Atchim

Estou na minha cama – único sítio onde chega a net a esta casa, com febre, tosse, dores, e espirros sem fim. Estou atulhada de drogas permitidas, encharcada em chás com mel, e a ver filmes lamechas em modo repeat. Diz-me o meu report do ano passado que, por estas alturas, a gripe A se tinha apoderado de mim. E o meu corpo, que de vez em quando gosta de me lembrar que sou uma franguinha, resolveu matar saudades. Vou ali tomar mais uns drunfos, que amahã começa o fim-de-semana das amigas, e vou levá-las todas ao meu Alentejo, e tenho de estar boa. Odeio estar doente, mas, verdade seja dita, estava mesmo a precisar de uma tarde de ronha na caminha. Volto já.

Lá fora: "maritalmente"
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Sexta-feira, 15 de Outubro de 2010

.Leve

Hoje estou mais leve. De vez em quando saio do meu trabalho e faço uns trabalhos como hospedeira em congressos. Foi o que aconteceu ontem. Estava lá numa das salas, a ouvir a apresentação sobre análises clínicas, com o microfone na mão a aguardar a sessão de perguntas, e a rever as mensagens do meu telemóvel. Tinha quase 400. Fiquei com 54. Percebi agora, nestes últimos dias, que as mensagens não merecem confiança. Ou que, ainda que pensemos que sim, nunca teremos essa certeza. O que escrevem é realmente o que pensam e sentem? Achava eu que sim. O que esperam da nossa resposta? Verdades ou ilusões? Certezas ou enaltecimentos? Não sei.

Guardei aquelas em que a mãe diz que me adora, me chama caranguejo eléctrico ou outro nome qualquer engraçado. Apaguei aquelas em que mandam os parabéns “à menina mais bonita que conheço”, “à grande escritora”, “à menina dos 19’s”. Guardei as do J., empenhado em encher os meus dias de filosofia; as da mana, com piadas que só nós percebemos; as da Su., recheadas de conselhos; as do Az., a matar saudades; as do primo F., cheias de piadas; as da minha M., a reclamar da minha ausência; as da madrinha, a querer saber de mim; e da minha V., a resistir. Apaguei as dos “estás sempre igual” e “vamos tomar café”. Guardei as das confissões, dos elogios sentidos. As das divisões e dos dias de nuvens cinzentas. As dos concertos, dos cinemas, dos momentos. As que mandei de mim para mim, nos dias em a agenda não estava à mão. Só essas me deixam saber coisas que me marcaram noutros dias. Como lembrar que no dia 14 de Junho as luzes da estação de Sete Rios se acenderam às 20 horas, 40 minutos e 38 segundos, no preciso momento em que me sentia escura por dentro. A outras dei o benefício da dúvida. Voltei atrás mesmo antes de carregar no “sim”. A outra, uma única, que chegou no meu dia de anos. Era simples, curta, perfeita. “O meu primeiro dia aqui está pacífico”, diziam-me. Esta ficou no telemóvel. Ficou na minha vida – com o benefício da dúvida. Apaguei todas as outras.

O meu telemóvel ficou mais leve. Eu também. Talvez devesse apagar mais. Esquecer outras coisas. Mas não é fácil, percebi em cada aperto ou alívio que sentia entre o “apagar mensagem?” e o “sim”. Foi quase como limpar uma caixa das recordações. Disto preciso, daquilo não, disto já não me lembrava, disto já não sinto falta, não preciso disto para me sentir bem comigo. E é só quando sabemos isso, o que precisamos, o que queremos, a resposta que devemos ou queremos dar às coisas que nos chegam (o que sentimos), que se pode limpar uma caixa destas. Um telemóvel. Nós próprios. E ficar mais leves. Como hoje. Hoje estou mais leve.

 

 

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